As escolas com melhores desempenhos em relação à média nacional e à média da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico (OCDE) são as que têm uma “mistura saudável” entre alunos portugueses e imigrantes, revela um estudo dos investigadores Isabel Flores e David Justino, a partir da análise de resultados a Matemática no Programme for International Student Assessment (PISA) de 2015.
Olhando para os resultados dos alunos portugueses neste estudo internacional, que é levado a cabo de três em três anos, verificou-se que, para ter a “mistura saudável”, a percentagem máxima de estrangeiros numa escola deve ser de 20%, diz a investigadora do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa, e a mínima de 1%. “As escolas beneficiam em ter alguns imigrantes, mas não demais.”
É que a partir dessa percentagem máxima começa a desenhar-se um cenário de guetização, que também não é positivo. Mais: tendencialmente, as escolas com mais de 16% de imigrantes estão inseridas em meios mais pobres, o que significa, regra geral, resultados mais fracos.
A percentagem de alunos imigrantes em Portugal é de cerca de 10% — o que inclui os chamados imigrantes de primeira geração (nascidos fora de Portugal e filhos de pais estrangeiros) e os de segunda geração (nascidos em Portugal, filhos de imigrantes).
Embora os alunos imigrantes tenham o mesmo perfil socioeconómico e cultural que os portugueses, o simples estatuto de imigrante conduz a perdas de 25 pontos, concluem ainda. Isto é, se os alunos portugueses ficaram acima da média da OCDE com os seus 492 pontos a Matemática, os imigrantes situaram-se abaixo, com 467 pontos. Esta diferença equivale a um atraso na aprendizagem de entre seis a sete meses relativamente aos colegas portugueses. Quando se trata de um falante de outra língua — o que é o caso de 30% dos alunos imigrantes — o desempenho médio a Matemática baixa mais 10 pontos.
leia mais @Público
O PISA – Programme for International Student Assessment é um estudo internacional desenvolvido pela OCDE que avalia a literacia de jovens de 15 anos, que frequentem pelo menos o 7º ano de escolaridade. O objetivo principal do PISA consiste na avaliação da capacidade dos alunos de 15 anos para enfrentar os desafios que a transição para a vida adulta lhes coloca, conduzindo a um retrato dos sistemas educativos de todos os países e economias participantes. O projeto PISA desenvolve-se em ciclos de 3 anos e avalia literacia de matemática, literacia de leitura, literacia de ciências e mais recentemente resolução de problemas, elegendo, em cada ciclo, uma das três áreas avaliadas como domínio principal.
O que é o PISA (legendas em português)
Portugal participou em todos os ciclos PISA até à data – 2000, 2003, 2006, 2009, 2012 e 2015.
Em 2015 foram amostrados, para representar Portugal, cerca de 7500 alunos provenientes de 247 agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas distribuídos por todo o território nacional. Na R. A. dos Açores foi realizada uma sobreamostragem que conduziu à participação de 47 agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas e cerca de 1500 alunos. Portugal volta a participar na sétima edição do PISA a realizar em 2018. No PISA 2018, cujo domínio principal será a literacia de leitura, está prevista a participação de cerca de 80 países/economias, sendo Portugal um destes países.
Em 2015, e pela primeira vez na história da participação nacional, Portugal ficou posicionado significativamente acima da média dios 35 países da OCDE em literacia científica e de Leitura. A literacia de Matemática, Portugal obteve mais 2 pontos, não significativos, acima da média da OCDE. Para informação detalhada sobre os resultados nacionais no PISA 2015, consulte o Relatório Nacional ou o Sumário Executivo ou ainda a Apresentação Nacional do PISA 2015.
Relatório Nacional PISA 2015
Sumário Executivo PISA 2015
Apresentação Nacional PISA 2015
Ligações
Com Tempo e Alma #13: Educação em exame (José David Justino e Isabel Flores) - para ouvir no SpotifyAqeduto - Avaliação, Qualidade e Equidade da Educação
(projeto de investigação com o propósito construir um corpo de referenciais sobre avaliação, qualidade e equidade em educação)
IAVE - Instituto de Avaliação Educativa
Portal Educação em Exame
0 comentários:
Enviar um comentário