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A Páscoa cristã é uma adaptação das celebrações judaicas, em que se celebra a libertação do povo Judeu e a passagem para a Terra Prometida com a travessia do Mar Vermelho, liderada por Moisés.
Os cristãos celebram a ressurreição de Jesus Cristo, sendo a data conhecida como Domingo de Páscoa. De acordo com a Bíblia, após a crucificação de Cristo, celebrada na Sexta-Feira Santa, Cristo ressuscitou no terceiro dia após a sua morte.
A data serve como momento de reflexão, em homenagem à vida e morte de Cristo, e de agradecimento e glorificação do seu sofrimento.
Família e Férias
A Páscoa é celebrada também pela reunião da família, sendo um momento de confraternização e de alegria, tal como acontece no Natal, mesmo que os seus membros não sejam religiosos. É costume a família reunir-se ao almoço do Domingo de Páscoa, saboreando a gastronomia da época em cada região do país.As crianças têm uma pequena pausa escolar que este ano (2018) é de 24 de Março a 8 de Abril e, por isso, muitas famílias aproveitam para fazer umas pequenas férias, desfrutando (se o clima ajudar) do início da Primavera. Muitas deslocam-se até ao Algarve com a intenção de aproveitar a praia no clima mais quente do sul do país. Também há quem prefira uma "escapadinha" até Paris, Londres ou Amesterdão (geralmente no topo das preferências); Funchal ou Ponta Delgada também são destinos escolhidos e, este ano, Budapeste está a captar a atenção dos portugueses.
Segundo o Jornal ionline e a Cetelem:
"Quase metade dos portugueses (47%) vai passar férias na Páscoa e deverá gastar, em média, 421 euros, segundo um estudo do Cetelem.
Destes 47%, cerca de metade (52%) planeiam gastar no máximo 500 euros durante a semana santa. Já 16% consideram que este valor é baixo para os gastos que planeiam vir a ter no período de férias e esperam gastar entre 501 e 1000 euros. Existem ainda 7% dos inquiridos que indicam poder gastar acima desse valor."
Celebrações
A Páscoa é uma quadra de profundo significado católico que em Portugal se celebra por todo o país.Em Braga a semana santa vive-se com toda a solenidade da Igreja e tem como momentos altos a 5ª Feira Santa (Última Ceia e cerimónia do lava-pés), a 6ª Feira Santa (dia da crucificação e morte de Jesus Cristo), o Sábado de Aleluia (ascensão aos céus) e o próprio Domingo de Páscoa (Ressurreição).
Já em Óbidos recriam-se os últimos momentos da vida de Cristo na Via Sacra, e em Castelo de Vide as tradições judaicas enriquecem as celebrações.
Domingo de Ramos
Sete dias antes da Páscoa celebra-se o Domingo de Ramos, um dia dedicado aos padrinhos e madrinhas. Os afilhados oferecem flores ou plantas aos seus padrinhos e madrinhas e estes hão-de retribuir, no dia de Páscoa, com o "folar", que antigamente era o doce típico da Páscoa mas que hoje em dia se pode traduzir em amêndoas, ovos de chocolate ou uma qualquer outra prenda.
Este domingo marca o início da Semana Santa e comemora a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém onde foi aclamado por multidões como o Filho de Deus.
Como forma de lembrar a data, os católicos costumam levar ramos, normalmente de oliveira, para a missa a fim de serem benzidos. Também é comum encontrar-se ramos de palmeiras colocados em forma de cruz nas igrejas e nas ruas.
Quinta Feira Santa
A cerimónia de lava-pés é realizada por representantes da Igreja Católica (em Braga, por exemplo, pelo arcebispo) e tem o propósito de enaltecer a humildade de Cristo e incutir a humildade nos fiéis.
Em Entre-os-Rios mais de 50 mil velas, denominadas tigelinhas, iluminam as pontes, as margens do rio, casas, ruas e barcos durante as "Endoenças" uma procissão noturna.
É possível que os bancos encerrem actividade mais cedo do que o normal.
Sexta Feira Santa
Na Sexta-Feira Santa, feriado nacional em Portugal, relembra-se a morte sacrificial de Jesus. Há procissões por todo o país, maioritariamente de dois tipos: as estações da cruz, que recriam a narrativa da Paixão, e a procissão do Senhor morto, onde os participantes transportam velas e a estátua de Jesus ao longo das ruas para o enterrarem, como se tivesse acabado de ser crucificado.
Sábado de Aleluia
Os católicos fazem a Vigília Pascal, para receber a chegada da manhã de Páscoa.
Em Montalegre, distrito de Vila Real, região de Trás-os-Montes faz-se a Queima do Judas que simboliza o castigo de Judas pela traição a Jesus ou, em sentido lato, a luta do Bem contra o Mal.
Em Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco faz-se uma procissão com chocalhos e apitos em que as mulheres podem também tocar adufes, simbolizando a alegria da mãe do Ressuscitado.
Domingo de Páscoa
No Domingo de Páscoa a família reune-se para almoçar e, muitas vezes, trocar pequenas lembranças como um pacote de amêndoas, uma caixa de bombons ou um ovo de chocolate.
A população católica recebe a visita do Compasso Pascal. O Compasso é composto por um grupo de fiéis católicos, a maior parte das vezes acompanhados por um padre, que percorrem as ruas com uma cruz com Jesus crucificado e um pequeno sino para anunciar a sua chegada. Normalmente quem quer receber o compasso coloca à porta de sua casa um tapete de pétalas de flores. Quando convidados pelos habitantes a entrar, benzem a casa e seus moradores, anunciando a boa nova da ressurreição de Jesus Cristo e dando a estátua de Cristo a beijar aos presentes.
É costume ter a mesa posta com as iguarias da Páscoa e vinho do Porto para que os integrantes do compasso se possam servir, se assim o desejarem, e também fazer uma pequena contribuição em dinheiro, para a paróquia.
Compasso Pascal em Paredes
Em Pêro Pinheiro, Sintra o Compasso Pascal vai de mota e mais de 500 motards acompanham o padre na visita que faz a mais de 3000 pessoas.
Em São Brás de Alportel, na Procissão de Aleluia, os homens transportam tochas floridas ao longo de um tapete de flores com mais de um quilómetro de extensão enquanto as varandas e janelas são enfeitadas com colchas para a ver passar.
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Segunda Feira
Muitas pessoas e/ou empresas substituem o feriado nacional de Sexta Feira Santa pela segunda feira seguinte, já que na 6ª feira o comércio é muito requisitado por conta das tradições gastronómicas e das lembranças que se trocam entre familiares e amigos. Outras ainda, encerram a actividade em ambos os dias, aproveitando o tempo para umas curtas férias.
Em Valença do Minho, zona de fronteira com Espanha, o culminar das celebrações pascais simboliza o espírito de tolerância, união e amor ao próximo quando o padre se faz transportar de barco até Espanha para dar a beijar o Compasso à população galega. No regresso a embarcação transporta também o pároco espanhol para vir, por sua vez, dar o Compasso a beijar à população portuguesa. Chamam a esta cerimónia o "Lanço da Cruz". A viagem dos párocos é acompanhada por barcos de pesca que lançam as suas redes para que sejam abençoadas.
Gastronomia
Se são cada vez menos as pessoas que ainda seguem à risca o jejum imposto no período da Quaresma, o que implica não comer carne na Sexta Feira Santa, o mesmo não se pode dizer das tradições gastronómicas associadas à Páscoa, a festa mais importante do mundo cristão.No Domingo de Páscoa, manda a tradição comer cabrito assado no forno, costume que pode variar consoante a região do país.
Mas afinal come-se cabrito, cordeiro ou borrego?
Cabrito é a cria da cabra e do bode e o cordeiro (até aos 7 meses) é a cria da ovelha e do carneiro enquanto o borrego é um cordeiro entre 7 e 15 meses.
A carne de cordeiro é mais clara e macia que o cabrito, que tem um sabor mais suave. Já o borrego é uma das carnes mais apreciadas em Portugal, especialmente no interior do país. O cordeiro simboliza Cristo, filho e cordeiro de Deus, sacrificado em prol do rebanho (humanidade).
Cabrito Assado no Forno, img @ TasteBraga |
Norte do País
Existe o "folar gordo" e o "folar doce".
Em Trás-os-Montes o folar é "gordo" e feito com farinha, fermento, ovos, leite, azeite ou manteiga e carnes (principalmente porco e enchidos).
Já o folar doce é um bolo de massa seca e doce (claro), condimentado com canela e erva-doce ou funcho e decorado com ovos cozidos inteiros. Simboliza a amizade e a reconciliação. Em Portugal não existe a tradição de pintar os ovos, apenas se cozem os do folar em água com cascas de cebola para que a casca fique com um tom amarelo escuro.
Em Vila do Conde e na Póvoa chama-se pão-doce ao folar.
No Minho e Grande Porto é habitual o folar ser substituído por pão-de-ló.
Pão de Ló de Margaride |
Em Oliveira de Azeméis o folar assume a forma de uma galinha deitada sobre uma noz ou de duas galinhas, bico com bico, cobrindo dois figos secos.
Centro do País
O folar com ovos aparece em quase toda a região mas também os Bolos da Páscoa que podem chamar-se empenadinhas ou broinhas.
No almoço de Páscoa come-se leitão assado ou chanfana de borrego.
Leitão da Bairrada |
Sul do País
No Alto Alentejo o folar assume a forma de um duplo coração, decorado e com ovos. Pode também ser um lagarto e usar uma fita encarnada como coleira. Próximo a Elvas os folares apresentam a forma de animais como pombos, pintainhos, lagartos ou borregos. O Folar de Olhão, no Algarve, é feito em camadas de canela, açúcar amarelo, limão e manteiga, caramelizado e aromático.
Quanto às carnes, o borrego é o preferido.
Amêndoa tipo francês |
Os ovos de chocolate são oferecidos às crianças e aos adultos, às vezes com amêndoas dentro.
Para além das habituais e mais comuns tradições de jejum, eucaristias, visitas dos párocos, amêndoas, ovos e folares, a história de Portugal tem mantido celebrações que são verdadeiros atrativos para centenas, senão milhares de visitantes, em vários pontos de norte a sul do país, algumas sendo singularidades que contribuem para reforçar a riqueza cultural do país.
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