Rodolfo “El Ruso” Lohrmann e Horacio "Potrillo" Maidana foram detidos pela Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo da Polícia Judiciária, em Aveiro, em Novembro de 2016, no momento em que se preparavam para assaltar uma carrinha de valores, juntamente com mais três pessoas. Faziam parte de um gangue descrito pelas autoridades como "bastante violento".
Os cúmplices serão Manuel Garcia, 31 anos, da Guatemala; Christian Gomez, 35 anos, espanhol; e o português Jaime Fontes, de 33, procurado cá para cumprir uma pena por tráfico.
Os quatro estrangeiros conheceram-se em meio prisional e recorriam a identidades falsas. À exceção de Jaime, iam circulando pela Europa e assaltando por todo o lado, mas regressavam sempre à Grande Lisboa e a apartamentos arrendados em Santa Iria da Azoia, Loures, e na Ericeira.
Reportagem "Rua Segura", da CMTV, 18/3/2018
Existe uma longa lista de crimes atribuída a esta dupla.
O mais importante será o sequestro de Christian Schaerer, que tinha 21 anos, quando, em Setembro de 2003, foi levado por um gangue em Corrientes, na Argentina. Até hoje, Christian, filho de um ex-ministro da Saúde não apareceu, apesar de ter sido pago o resgate pedido - quase 260.000 euros. Não se sabe onde está, se está vivo ou se está morto.
Lohrman é suspeito ainda de ter sido o autor do sequestro do empresário Claudio Stefanich, do de Cecilia Cubas (filha do antigo presidente paraguaio Raúl Cubas), do das empresárias María Elizeche e María Elena Vargas e ainda do homicídio de um menino de dez anos.
O gangue “El Ruso” está envolvido noutras suspeitas relacionadas com homicídio, rapto e extorsão na Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai e ainda outros crimes na Bulgária, República Checa e em Espanha. Acredita-se que Lorhman tenha feito cirurgias plásticas para escapar às autoridades e também por isso tenha conseguido andar fugido à Justiça há mais de 14 anos.
Existem pedidos de extradição dos países onde Lorhman e Maidan cometeram crimes, mas terão primeiro de ser julgados em Portugal e, a serem condenados, deverão cumprir no país, pelo menos parte das sentenças a que forem condenados. Depois disso os países da comunidade europeia que peçam extradição terão prioridade sobre os outros, inclusive a Argentina.
No final de Fevereiro, dois magistrados argentinos deslocaram-se a Lisboa para falarem com os dois suspeitos e ofereceram-lhes o estatuto de "arrependido", com uma redução de pena na Argentina, se revelarem onde se encontra o corpo de Christian Schaerer. Os suspeitos foram apelidados pelos magistrados de "duros, frios e calculistas" e deram a entender que qualquer revelação terá que ser negociada.
Em Portugal são suspeitos de terem realizado quatro assaltos à mão armada, em dependências bancárias na zona da Grande Lisboa, entre 2014 e 2016, "cuidadosamente planeados e executados". Estão acusados de associação criminosa, e de vários crimes de roubo qualificado, furto qualificado, falsificação, branqueamento de capitais, detenção de arma proibida, condução sem carta e falsas declarações.
A primeira sessão do julgamento estava agendada para a tarde de 12 de Março, sob fortes medidas de segurança, mas o Tribunal de Loures, por questões processuais, adiou para dia 7 de Maio a "tomada de declarações" dos arguidos e para os dias posteriores a inquirição de testemunhas.
O colectivo de juízes procedeu à identificação dos arguidos mas Horacio Maidana, braço-direito do alegado líder do grupo, Rodolfo "El Ruso" Lohrman, afirmou não ser essa pessoa, antes Jairo Casanova, natural de Caracas, Venezuela, e não da Argentina. Sabe-se que os suspeitos não querem regressar à Argentina, provavelmente por causa de ameaças de morte que terão recebido.
Antes do início da sessão, operacionais do Grupo de Intervenção e Segurança Prisional (GIPS) inspecionaram a sala de audiência, com a ajuda de dois cães, e as pessoas que assistiram à sessão foram revistadas por agentes da PSP, que estavam de reforço ao forte dispositivo de segurança montado para este julgamento. Recorde-se que Lohrman fugiu de uma prisão na Bulgária onde se encontrava detido por roubo e posse de explosivos e Maidana, já preso em Portugal, tentou escapar-se da prisão de alta segurança de Monsanto, durante a única hora de recreio de que pode usufruir.
Por fim todo o aparato de segurança dentro e em redor do tribunal foi rapidamente desmobilizado e os cinco suspeitos voltaram para as cadeias onde se encontram desde o final de 2016.
Fontes
CMTV - Correio da Manhã TV
Correio da Manhã
Jornal de Notícias
Observador
Expresso
Diario 1588
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